terça-feira, 23 de julho de 2013

NEVE x CHUVA CONGELADA x SLEET

Na noite do dia 22, madrugada e manhã de 23/07/2013 ,  a região Sul do Brasil foi foi contemplada por neve, chuva congelada e sleet em várias cidades. Houveram muitas perguntas sobre como distinguir chuva congelada da neve. Por isso, abaixo segue uma tabela prática para observação desses fenômenos.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O TEMPO NAS PRAIAS

O Regime de Verão no litoral Sul-Brasileiro

Existem dois regimes diferentes no litoral Sul-Brasileiro, um chuvoso e outro mais seco.
No litoral do PR e SC prevalece um regime de chuvas provocadas pelo calor e umidade, denominadas de chuvas de verão. No RS é o período menos chuvoso, prevalecendo chuvas provocadas por frentes frias que são em menor número nesta época do ano.

Vento de Leste
Muitos veranistas são surpreendidos por aqueles dias relativamente frios, com vento moderado mas contínuo e chuva leve e tempo nublado por vários dias. Este fenômeno ocorre quando um sistema de alta pressão avança pela região sul do Brasil formando uma crista (termo utilizado para indicar uma representação de perturbação no campo de pressão atmosférica provocadas pela entrada de massa de ar mais frio e seco).
Mas se o sistema de alta pressão atmosférica é mais frio e seco, porque fica nublado no litoral?
Simples, a formação da crista permite que os ventos soprem de sudeste ou leste transportando umidade do oceano Atlântico para o continente. Por isso, o ar mais frio vindo das regiões mais ao sul e o ar úmido do mar (Figura 1) deixa o tempo nublado e não incomum bastante chuvisco e umidade por vários dias.
Neste regime os ventos são de maior intensidade provocando ótimas ondas para o Surf.

Figura 1: Campo de Vento e temperatura às 6h da manhã do dia 06/12/2013 sobre a Região Sul e Sudeste do Brasil. Os ventos de leste aumentam a umidade no litoral. Devido a propagação de um sistema de alta pressão as temperaturas são mais baixas do que a média para a época do ano. 
Volta do Calor
Quando o sistema de alta pressão se desloca para o oceano, o vento vira para NE, N e NW provocando um rápido aumento da temperatura, o que nós meteorologistas gostamos de dizer  advecção quente de temperatura (termo que combina o transporte de massas com temperaturas diferentes de uma região para outra; advecção quente para representar as áreas onde a temperatura está aumentando).

Chuvas Rápidas de Verão

No Paraná e Santa Catarina as chuvas de verão são bastante representativas na climatologia local. Elas são geradas a partir do calor intenso e umidade. Estes transportados da região noroeste do Brasil, vindo desde a região Amazônica, passando pelo Centro Oeste e convergindo com os sistemas frontais do Sul.
São rápidas, cerca de 1 hora, localizadas, em aproximadamente 30 km de diâmetro, embora algumas sejam derivadas de Linhas de Instabilidade, que são agrupamento de tempestades em forma de linha que ultrapassam 150 km de comprimento e normalmente se propagam a velocidades de mais de 30 km/h e provocam muitos estragos com chuva forte, ventos acima de 70 km/h e até ocorrência de granizo em superfície.

Verão: época das chuvas.
Mas não esqueçamos, o verão é mesmo a época das chuvas na praia. Vejam este gráfico abaixo (Figura 2) da climatologia de chuva para Florianópolis. Os maiores volumes de chuva ocorrem em fevereiro, março e janeiro, sempre acima de 150 mm. Então, ao ir a praia no verão, não esqueça: estás indo no período mais chuvoso do ano e, portanto, chuva é absolutamente normal !

Figura 2: Climatologia de Precipitação e Temperatura em Florianópolis (disponivel no wikipedia:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Florianópolis).


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Inundações

Todos os anos o Brasil sofre enormes prejuízos com inundações em áreas urbanas, inclusive com vítimas fatais.

Definição
Gosto de citar uma definição de inundações rápidas do US National Weather Service:
um rápido e extremo fluxo de água em uma certa área ou rápida elevação do nível acima do considerado normal causado por um evento de chuva de até seis horas, embora este intervalo de tempo varie conforme a bacia hidrográfica."
Importante destacar algumas palavras: rápido fluxo de água - isto decorre das chuvas de grande intensidade que são causadas por frentes frias, linhas de instabilidade ou células convectivas devido à convergência de calor e umidade. Observa-se que inicialmente utiliza-se um período de 6h, pois é um período que normalmente alagam as grandes cidades. Mas isto depende da bacia hidrográfica e do sistema de drenagem da área em questão. Além disso,  a inundação pode ocorrrer pelo acúmulo de água na superfície ou pelo transbordamento de rios. 

Permeabilidade do Solo
Quando as leis orgânicas estabelecem um mínimo de área permeável nas construções não é tão simplesmnete por uma questão estética, mas sim para garantir que parte da água da chuva seja infiltrada no solo ao invés de escoar pelas ruas até as partes mais baixas.  As regiões urbanas tem poucas áreas de armazenamento em solo e por isso rapidamente se tornam saturadas. A figura abaixo ilustra a comparação entre uma área não saturada (à esquerda) e uma área saturada (à direita). As áreas saturadas não tem capacidade de absorver água da chuva e, portanto, a água se propagará rua abaixo acumulando nas partes mais baixas e, muitas vezes, gerando grandes áreas alagadas podendo inclusive entrar em casas e carros.

Comparação do armazenamento de água da chuva em áreas saturadas e não saturadas. No solo saturado ou impermeável, toda a água da chuva é desviada para o escoamento superficial (runoff) podendo causar alagamentos. 
Por isso, os planos diretores urbanos modernos contemplam inúmeras e bem distribuídas áreas verdes não só para tornar um ambiente agradável, mas para frear a rápida propagação da água da chuva nas ruas. Mesmo assim, dependendo da profundidade e do tipo de solo, galerias e reservatórios subterrâneos devem ser construídos a fim de esgotar a água acumulada em superfície.
Muitas vezes moradores vítimas de alagamentos acham que foram vitimados por fenômenos raros e que isso nunca ocorreu antes. Mas, na verdade, a área em que habitam é que foi quase totalmente impermeabilizada impossibilitando o escoamento natural da água em eventos de chuva intensa.

Vazão de área urbanizada e não urbanizada
O livro "Inundações Urbanas" Editora ABRH de Carlos Tucci, mostra uma comparação interessante de um hidrograma em áreas urbanizadas e outro em áreas não urbanizadas. Hidrograma é um gráfico  utilizado para analisar a variação da vazão (m3/s) no tempo (em horas por exemplo). Devido a baixa permeabilidade, em áreas urbanizadas a vazão aumenta mais rápido e em maior amplitude que em áreas não urbanizadas devido ao fato desta última aboserver parte da água que escoa no canal. 


Como saber se a sua área é de risco ?
Novos moradores devem consultar a prefeitura ou a defesa civil da região para verificar se existe uma demarcação de áreas de risco de inundações. Cidades que historicamente possuem problemas de alagamento possuem mapas com áreas de alagamente demarcadas . É o caso de Itajaí - SC que tem no site da defesa civil (defesacivil.itajai.sc.gov.br) um mapa da enchente de 2008 que é uma excelente referência das áreas atingidas da cidade.


Chuva Forte e Chuva intermitente
As inundações podem ocorrer em áreas alagadiças devido a um alto volume acumulado de água em ruas, casas, bueiros etc ou devido ao transbordamento de rios.
As situações de chuva forte são normalmente mais dramáticas devido ao pouco tempo (algumas horas) para retirada de pessoas de suas casas e recuperação dos materiais. É o que ocorre com frequência nas áreas de encosta do Rio de Janeiro nos inícios de ano. A chuva ocorre durante 1, 2 ou até 6h com forte intensidade (acima de 30 mm em uma hora) e provoca uma convergência de enorme volume de água que escoa rapidamente por entre casas e ruas e, em muitos casos, provocam o transbordamento de rios. Este tipo de chuva é gerada por tempestades de grande profundidade (acima de 10km de altura) e também geram ventos muito fortes (acima de 80 km/h).

Já a chuva intermitente é aquela que dura mais de 4 dias e intercala entre chuva de forte intensidade e média intensidade (10 mm em uma hora) com alguns períodos sem chuva. Normalmente, este tipo de chuva provoca o lento enchimento dos rios até seu transbordamento e, devido a continuidade, o escorrimento de camadas de solo em áreas de elevada inclinação como morros e encostas. Este tipo de chuva é gerada por lentos sistemas de grandes escala como frentes estacionárias ou a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) que podem provocar a ocorrência de precipitação em uma extensa área durante muitos dias. A ZCAS possui muita convergência de umidade (massa) e calor produzindo energia suficiente para o desenvolvimento cíclico de nuvens de chuva em superfície. Essa região de convergência pode transportar umidade e calor entre longínquas áreas como da região norte do Brasil até a região sul, efetivando um intermitente e duradouro período de chuvas.

Exemplo da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) por imagem de satélite no canal IR 4.


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